O ANDARILHO
(pra quem gosta de ler)
(pra quem gosta de ler)
Terça-feira de manhã
como se não fosse nada
ele faltou o trabalho
deixou casa, mulher e filhos
os pais já não tinha mais
não levou roupas e nem sapatos
um total desprevenido
escova de dentes, documentos
tudo jogou no tempo
e saiu a caminha
era agora um andarilho
enquanto tinha dinheiro
quarenta e cinco reais
ele comprou o alimento
que via pelas estradas
das terras onde passava
quando o dinheiro acabou
três dias bebeu só água
ele dormia no mato
no mato o um e o dois
o dois quase não fazia
pois já quase não comia
para evacuar depois
e se passaram dez dias
chegou a primeira cidade
ali deitou-se no chão
e foi morar nas calçadas
lembranças não lhe faltavam
da esposa, filhos, amigos
que pra trás ele deixava
na calçada, fome frio
nas ruas os desafios
só de um desconhecido
que no passado foi
soldado condecorado
professor de matemática
um pai muito dedicado
um amigo a toda prova
um esposo apaixonado.
E se foram treze anos
e um dia ele deitado
para um jovem a sua frente
com a farda de tenente
da policia militar
olhou pra ele minutos
ele ali se ajoelhou
e foi sentando devagar
segurou na sua mão
e apertou firmemente
e olhando firme em seus olhos
logo abraçou seu pai
e disse: "pai sofremos sem o senhor
a mãe quase se matou
passou dias sem comer
e entrou em depressão
eu e minha irmã nos formamos
graças ao que o senhor deixou
te juro não faltou nada
mas ao mesmo tempo tudo!
a presença do senhor
depois desse tempo todo
a mãe inda lhe espera
foram treze primaveras
sem colher flores do chão
pai o tempo deixa suas marcas
mas vamos voltar pra casa"
um velho corpo surrado
passando fome, marcado
um andarilho das ruas
olhou pro filho encantado
contudo que se tornara
e disse:
"não tenho mulher e filhos
abandonei meu passado
pois eu sempre fui julgado
por aquilo que não fiz
mas é como disse uma vez
deixei tudo para traz
e não volto nunca mais
para vida de vocês"
-Meu pai então me diga
me olhando bem nos olhos
diga o que é que eu lhe fiz
a treze anos atrás
-Você só tinha onze anos
menino estudioso
sempre muito responsável
sua irmão só tinha oito
mas mesmo pequenininha
ela era do mesmo jeito
vocês não se davam conta
de tudo que a gente passa
eram brigas e mais brigas
trancados naquele quarto
os ciumes de sua mãe
sem ter certeza de nada
tinha dia que eu saia
só porque não aguentava!
então eu saí de casa
sei que vocês não tem culpa
daquilo que eu enfrentava
mas quanto mais tempo passava
aquilo me consumia
abismo de agonias
se tornou a minha vida
até que chegou o dia
que decidi ir embora
e deixei tudo pra trás
como acabei de dizer
eu deixei até vocês
para eu não me lembrar mais
de tudo aquilo que passei.
-Pai, mas o perdão é pra isso
vem pra casa vem comigo
a mãe te ama demais
e gora entendeu
ela me disse essa história
que te prometo agora
não acontecer nunca mais.
Botei o meu pai nos braços
deitei o banco do carro
e deitei-o sutilmente
e no caminho de casa
fechou os olhos e ele se foi
só estava me esperando
pra ele ser perdoado...
como se não fosse nada
ele faltou o trabalho
deixou casa, mulher e filhos
os pais já não tinha mais
não levou roupas e nem sapatos
um total desprevenido
escova de dentes, documentos
tudo jogou no tempo
e saiu a caminha
era agora um andarilho
enquanto tinha dinheiro
quarenta e cinco reais
ele comprou o alimento
que via pelas estradas
das terras onde passava
quando o dinheiro acabou
três dias bebeu só água
ele dormia no mato
no mato o um e o dois
o dois quase não fazia
pois já quase não comia
para evacuar depois
e se passaram dez dias
chegou a primeira cidade
ali deitou-se no chão
e foi morar nas calçadas
lembranças não lhe faltavam
da esposa, filhos, amigos
que pra trás ele deixava
na calçada, fome frio
nas ruas os desafios
só de um desconhecido
que no passado foi
soldado condecorado
professor de matemática
um pai muito dedicado
um amigo a toda prova
um esposo apaixonado.
E se foram treze anos
e um dia ele deitado
para um jovem a sua frente
com a farda de tenente
da policia militar
olhou pra ele minutos
ele ali se ajoelhou
e foi sentando devagar
segurou na sua mão
e apertou firmemente
e olhando firme em seus olhos
logo abraçou seu pai
e disse: "pai sofremos sem o senhor
a mãe quase se matou
passou dias sem comer
e entrou em depressão
eu e minha irmã nos formamos
graças ao que o senhor deixou
te juro não faltou nada
mas ao mesmo tempo tudo!
a presença do senhor
depois desse tempo todo
a mãe inda lhe espera
foram treze primaveras
sem colher flores do chão
pai o tempo deixa suas marcas
mas vamos voltar pra casa"
um velho corpo surrado
passando fome, marcado
um andarilho das ruas
olhou pro filho encantado
contudo que se tornara
e disse:
"não tenho mulher e filhos
abandonei meu passado
pois eu sempre fui julgado
por aquilo que não fiz
mas é como disse uma vez
deixei tudo para traz
e não volto nunca mais
para vida de vocês"
-Meu pai então me diga
me olhando bem nos olhos
diga o que é que eu lhe fiz
a treze anos atrás
-Você só tinha onze anos
menino estudioso
sempre muito responsável
sua irmão só tinha oito
mas mesmo pequenininha
ela era do mesmo jeito
vocês não se davam conta
de tudo que a gente passa
eram brigas e mais brigas
trancados naquele quarto
os ciumes de sua mãe
sem ter certeza de nada
tinha dia que eu saia
só porque não aguentava!
então eu saí de casa
sei que vocês não tem culpa
daquilo que eu enfrentava
mas quanto mais tempo passava
aquilo me consumia
abismo de agonias
se tornou a minha vida
até que chegou o dia
que decidi ir embora
e deixei tudo pra trás
como acabei de dizer
eu deixei até vocês
para eu não me lembrar mais
de tudo aquilo que passei.
-Pai, mas o perdão é pra isso
vem pra casa vem comigo
a mãe te ama demais
e gora entendeu
ela me disse essa história
que te prometo agora
não acontecer nunca mais.
Botei o meu pai nos braços
deitei o banco do carro
e deitei-o sutilmente
e no caminho de casa
fechou os olhos e ele se foi
só estava me esperando
pra ele ser perdoado...
Entenderam?
o perdão tem que ser mutuo
tem que partir dos dois lados
pois se você se recorda daquilo
que lhe foi feito,fica voltando o passado
então não existiu perdão
se há perdão, tudo aquilo vai ter que ser enterrado!
o perdão tem que ser mutuo
tem que partir dos dois lados
pois se você se recorda daquilo
que lhe foi feito,fica voltando o passado
então não existiu perdão
se há perdão, tudo aquilo vai ter que ser enterrado!
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