quinta-feira, 5 de março de 2020

ASCENSO EM PRANTOS...
"Aos meus amigos palmarenses, que a poesia toque aos os seus corações"

Dia oito de dezembro
Eu era ainda um garoto
Mas eu ainda me lembro
Do dia da padroeira
Os pais tinham uma besteira
Que só quem passou da prova
Quando essa data chegava
Todo mundo ia pras lojas pra comprar a roupa nova
E nas lojas não tinha espaço
Camisa de manga comprida
A calça boca de sino
Sapatos cavalo de aço
As cinco era a prossição
Era gente de joelhos
Tinha quem fosse descalço
Mas sempre com terço na mão
E quem ia, ia com pressa pra pagar suas promessas
A Senhora da Conceição
As sete era Santa missa
Com as bênçãos do vigário
O sacrifício do povo
E as orações das freiras
Pra comemorar assim
O dia da padroeira
Ao lado da Catedral
O parque de diversão
O pastoril de Rabeca
De cor vermelha e azul
O show dos bacamarteiros
E o pifano sempre ligeiro
No parque de diversão
Barraca e carro de som
Pra animar aquela festa
Ali se pediam músicas
Para um apaixonado coração
Nada saia do tom
O carrocel, os barcos
As patinhas, os carros
E logo mais adiante
A imensa roda gigante
As barracas de bebidas
Com delicias de tira-gosto
Entre eles ovos cozidos e coloridos,
torresmo e piabas crocantes
Tinha maçã do amor
Tinha o rolete de cana
A orquestra treze de maio
Do saudoso Zé da Justa
Sempre com belas músicas
Que saudade do meu tempo!
Tempo que minha Palmares
Vivia para a cultura
Que hoje infelizmente aqui jás
Se foi a princesa do Una
A capital do açúcar
Se foi também o Senai
Já foi terra dos poetas
Hoje em dia nada é mais!
Aqui onde tudo era
Ascenso em campa
Chora em prantos
O destino infeliz que deram a sua terra...


SILVIO ROMERO BARBOSA LEITE

Nenhum comentário:

Postar um comentário